segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vagina molhada, história apimentada.

Por tempo indeterminado, não quero ver o sol e nem ser queimado por ele. As janelas dessa carruagem que pego todo dia pela manhã, reservam belas surpresas, mas ainda preferia ter ficado em casa. Recostado, meus olhos só desejam permanecer fechados. Não me importa mais, os vermes caipiras, as putas que se fazem de donzelas e as vozes indolores de pessoas invisíveis. Preciso ser aceito, preciso de aprovação. Me escolha, ou me mate!

Podem salvar um homem de si mesmo? NÃO!
Brincando com a vida todo dia, até quando agüentar? Hoje é meu dia.

Você pode ser qualquer coisa...Você pode ser qualquer coisa...(+2x)


(...)

Paul e eu compramos uma arma. Na loja de penhores, o Sr. de bigode nos interrogou e com uma cara de paspalho, seguiu sorrindo e polindo sua 22. Adoro esses caipiras, acho que realmente sou um deles. Paul diz que armas o deixam com tesão, por isso, ficamos com a calibre 12. A primeira vez que a segurei, tremi e senti a maior sensação de poder, de toda minha existência.

Matamos um servo, e aquilo sim, deu-me prazer. Pude sentir seu último respiro, enquanto distribuímos bicas e risos, no pular dos meus cabelos de fogo, finalmente eu era alguém.

Tiros e risadas. Sarcásticas, além do meu alcance. Paul e eu, estávamos marcados, a ferro e fogo, pelo resto de nossas vidas e mortes. Sim, mortes.

A irmã de Paul, não tinha peitos, tinha tetas. Ela me olhava com o olhar que cai de baixo pra cima, ela toca seu corpo em minha direção e eu só consigo me regurgitar. Meu pênis, virgem, meu desejo calejado, cabelos louros e sábios.

- Estou aqui pra você, bebê. Disse ela de camisola me acordando no meio da noite. E ainda teve mais.

- Fica quetinho, sente esse quentinho.
Ela cavalgou em mim, ainda virgem, até não ser mais.

Acordei de um sonho maluco com o Sr. de bigode da loja de penhores, ele estava parecendo um personagem do circo de horrores, sua voz era aguda e pontuda, chegava a entrar na carne.

Seu microfone era sua 22, dizia coisas sem sentido como “não existe o amanhã”, “mente de um gosto destrutivo” e “começou a temporada caçada”. Devo admitir, acordei sorridente aquela manhã de inverno, na casa de Paul, onde sempre me escorava.

Bebemos Gin e saímos para atirar. Gim-tônica. Bomba – Atômica - Corações.

Bêbados, brincávamos. Apontávamos a 12 um pro outro, sem receio, apenas com simples desejo que por nós era compartilhado.
Ô pecado. Será?

Eu tinha uma mancha dentro de mim, e Paul sabia. Eu comi a sua irmã, e lá no fundo ele sabia, o quanto ela era profissional em ser vaca. Talvez por isso ele tenha me matado e se sacrficado depois, como um servo. Então ele sentia um tesão secreto por ela e pelo servo. Ou ainda quem sabe ele não teve o mesmo sonho que eu?

(...)

Hoje é meu dia.

3 comentários:

  1. Hoje, não vejo, autor com tamanha ousadia.
    És grande!

    Unicamente único. O melhor elogio para um escritor.

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  2. Caramba, até arrepiei. Parabéns e não esqueça de continuar.

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  3. Me faz lembrar Os Sonhadores.
    Belíssimo querido.

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