terça-feira, 29 de setembro de 2009

Caindo.

Cheguei à beira do abismo e vou experimentar o gosto do pulo. Porque o que eu sou aquele que flerta com todos os abismos: possíveis e imagináveis. Aqui, como em nem um outro lugar, o vento toca a pele e arrepia o espírito. Estou sim, no caminho certo, onde realmente posso brilhar. Eternamente.

Por que não? Viajar no sentido imaginário e na direção poética. Estética de mim.

Enfim,

Para um anjo caído de um céu particular, a poesia serviu de introdução para vôos maiores.

Então, penso em voz alta:

“..AS MINHAS PALAVRAS AINDA VÃO ABALAR OS CORAÇÕES DOS OUVIDOS DO MUNDO..”

Petulância minha, porém ando meio estranho ultimamente, que me lembre, desde que acordei de um sonho lúdico. Palavras fazem mais sentido agora. Vejo imagens desconectadas e dilaceradas. Sou único, e sei disso, por um segundo.

Sim, hoje mesmo, as palavras me marcam como tatuagem no fundo da carne, como tem que ser. Eu fui feito pra isso, moldado e esculpido. Quer você queira ou não, vou ficar pra sempre aqui, nesse mundo.

Podes me ver?

Eu sou aquele que renuncia a tudo pela literatura.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Reconstruindo a Escrita.

* Aviso: Para ler esse texto é indicado que você escute a música “Around the Word” do Daft Punk, ou qualquer outra que lhe faça bem.


Certa vez alguém me disse:

“Passarinho. Livre, leve, louco. Onde tudo é pouco, voa mais.”

Analisei e conclui. Talvez seja esse o caminho, mas a verdade não é correta em um tempo e errada em outro?

A verdade de cada um começa com um questionamento, isso eu sei. Pensando assim me dividi em pedaços para contar essa história, essa simplória bagunça generalizada, porém é só isso que eu consigo transmitir a você, e peço desculpas por isso.

(deito sobre o colchão sujo em tom de meditação)

Olho o nada e busco palavras onde tudo é possível. Cansado, recosto a cabeça sobre o meu calhamaço de folhas, sentindo assim o cheiro envelhecido do papel e também dos meus hábitos mais antigos. Como eu e esse sentimento trancado as sete chaves.

O dedo foi posto na ferida. Preciso de uma birita, e pra já!

Na bruma das cervejas, não sei quem sou.
Se sou texto ou poesia, noite ou dia. Sei, sim, que já posso voar. Destino? Incerto.

O mistério de todo meu destino é impenetrável, como eu de uma forma geral. A solidão voltou a aportar no meu cais. O meu individualismo exacerbado juntamente com a revolta nata de um profeta de toda uma geração poética me fez vomitar as palavras como elas são, sem cortá-las. Mas o que mais seriam as palavras do que vidas em pedaços?

Me vejo como a mistura da audácia com a timidez, a fragilidade que grita sequencialmente causando uma explosão que embriaga e traz a tona diferente sensações. Estou errado?

Isso é apenas uma ilustração (nos mínimos detalhes) de um rosto jovem e triste, de um poeta pretensioso que sonha por fim em ter a alma solta das amarras.

Certa vez alguém me disse:

“Tudo nessa vida não passa de uma repetição, com uma vírgula na hora certa.”

Verdade?

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Transição.

00:03.
Deitado na cama, cabeça girando, ventilador.

Ainda tenho tempo para poder filosofar comigo mesmo, porém preciso sair para ver a noite. Melhor opção. Lá fora, o vento me ressuscita e faz crer em uma nova realidade, isso é sim real, e por que não interativamente intrigante.

Eu fui sugado, no bom sentido, até aqui. Graças a Deus.
A brisa bate nas minhas costas balançando meus cabelos bagunçados subindo até o topo do mais alto jatobá, lançando assim no ar, o doce barulhinho da natureza e a chama de toda a minha identidade.

- Oh que beleza, suspiro.

Abro os braços em sinal de liberdade, sem alguma vaidade.
Brilho no céu, é noite estrelada, então numa virada as coisas mudam e um homem mesmo que por pouco tempo encontra a paz....
Santa e única que só ela.

Amigo, não é filosofia barata, é a vontade exacerbada imposta e exposta feito fratura.
É uma pausa, uma lua nova. Estou no alto... Alto estou.

Com dedos gravitacionais toco
uma constelação sem escala
sonho em cantar,
sentindo um pedaço do céu,
tão leve quanto a música.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Entrevista com o Poeta.

Na sua visão, o que é a poesia em si?

É vida se confundindo com a arte, literalmente falando.



O que te trouxe até a poesia?

Desde pequeno eu sempre vivi num mundo fantástico, uma realidade diferente e muito mais feliz. Conhecer a poesia foi questão de tempo, amor a primeira rima.



O que te inspira?

O que eu respiro, o que eu vivo, o que eu sinto. Por inteiro. Pra mim, a inspiração são pequenas coisas que viram grandes.



Como funciona o seu processo criativo?

Isso não existe. A minha poesia é instantânea, livre e sincera. Só um ser humano que faça arte, ou o que realmente gosta pode sentir. É maior do que tudo.



Cite uma característica que podemos encontrar em todos os poetas.


Todo poeta é um narcisista, expõe o mundo através de si mesmo.



Você já chegou ao estágio máximo da sua obra?

Não, a minha fonte é inesgotável. Só antes de escrever, repito, preciso sentir e reparar a vida com olhos de poesia. Alias essa é distração mais barata que existe, tente isso você também.



Para finalizar, qual o maior sonho do poeta?

Pagar as dívidas e poder escrever meus livros em paz de frente para o paraíso, sempre bem acompanhado do bem: amigos, amores, charutos e cervejas.

*Revista Poesia sem Compromisso.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

O que toca a Alma.

Essa tempestade cerebral que veio sem avisar, devagarzinho foi aumentando e lembrando saudades. Longe de casa, trilho meu caminho para seguir em frente. Não vou desistir como sempre, porque agora a minha inspiração não cabe nas linhas do papel. Ela é o ar que eu respiro, o mundo que eu vivo, vigor de homem com fragilidade de mulher.

Não me miro em ninguém, só quero ser alguém. Que vive e deixa viver, que faz a hora e também deixa acontecer. Sou novo, mas já sei do propósito dessa minha curta estada nesse mundo: mostrar o submundo da minha cabeça pra todos vocês, com toda minha entrega e sentimento ao extremo. Do jeito que eu sei, e que me faz bem.

O mar, meu quintal, e o universo dentro da mochila...

Nesse sentido, vejo com olhos de poeta fragmentos de vida inteiros e sinceros que só aqui eu sou capaz de encontrar. Agradeço em oração o dom da vida e peço saúde a família.

Parte de mim queria sonhar pra sempre, a outra é que me acorda.
Escrever é como respirar: necessário, visceral, vital e transcendente.

Estou livre, de novo.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Jogo Perdido.

Estou entregue a ponto de mudar. Mesmo que por poucos segundos, quero olhar nos teus olhos para que você saiba o quanto eu te quero. Fruto proibido que é, Paula, tenta disfarçar, mais eu sei que a noite ela fica a sonhar com a planície do paraíso e nós no altar do prazer. A sós, boca a boca: beijo unânime.

Sinto e moldo a forma do teu espírito. Preciso dela, mas tenho que evitar. Se Paula disser, eu largo tudo e caio na estrada, e vamos para onde ninguém possa nos encontrar, onde sonhar é realidade, de verdade.

Como pode tanto querer, tanto desejo vermelho, carinho e entendimento num olhar.Não, ela nunca me disse uma palavra de esperança, talvez por medo ou insegurança, ou por esperar algo da minha parte.

Mas...

Tipo reviravolta, tudo mudou. E nesse instante, uma lágrima rolou. Marcando para sempre esse papel e todo intrépido sentimento. Momento infeliz, porém as coisas são assim, nem sempre saem como a gente planejou.

Enfim, os dias passam, o tempo voa, e por fim nada muda. Paula está cada vez mais distante. Não vejo o vermelho que mancha horizonte no fim de tarde do paraíso, e penso: “que pena é trilhar a vida na tristeza.”

Bem me quer ou mal me quer?
Quero dizer a ela: “desculpe, se é muito tarde para amar você...”

Viver de amor não é possível, é um jogo perdido....

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Desabafo Amplificado.

Não sei por que o mundo tem essa maldade. Sem dó, nem piedade.

(Imagens seqüenciais: torres desabam o amor banalizado, exclamações e interrogações habitam a impunidade, o sentimento pouco te deixa pronto para fritar na Santa Ignorância. Ou não? Quem sou eu, reles poeta, para julgar.)

Vejo a alma do justo abalada. Tratada e lembrada só na eleição.

Meio confuso, quero me internar longe do mundo, por minha vidinha dentro da mochila, deitar na areia e olhar as estrelas. Nessa ordem.
Longe de casa, pensativo, olho mais pro céu que pro chão, sou mais emoção do que razão. Por incrível que pareça estou vivendo a metamorfose do crescer. O meu crescer.

A saudade não demora a chegar, mas o samba já está ai.
Para entrar no coro não podia faltar o choro, pra partir, partido alto... Meia noite, meio dia não importa a hora, com amizade sempre chega a alegria. Mesmo que incompleta.

Tenho também me correspondido com ela, e a distância, descobri que ela é da cor da sua energia. Lã macia que almejo tocar, porém não nasci para amar. O melhor agora é esquecer.

Progressivamente eu vou vivendo, tempos sorrindo, tempos chorando.
Tempo de poesia pra sempre. Eu garanto.

Esse sentimento amoleceu a rigidez da terra, por isso permita-me me apresentar:

São Paulino, brasileiro, câncer.
Prazer. Léo Castelo Branco.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Poesia às Avessas.

...Aberta e produzindo. É ela, a mente....

(Aumente o volume)

Sou rápido, sou meteoro e raio.
Urbanóide e também bicho do mato.

Meus passos são friamente calculados
meus olhos só enxergam paisagem
uma miragem...Sou eu.

Peço licença, em tempo, ao autor. De fora vejo a poesia, personagem principal de todas as tuas histórias e estórias. E fico a pensar, o que será mais real: nós ou vossas imagens?
A vida ou a literatura? Na minha opinião, uma precisa da outra, como uma cadeia alimentar, que por fim sacia o desejo do público com a mais pura expressão de arte. Na sua essência.

Permito-me ir mais além, caro amigo. Vendo de fora e sentindo lá dentro, a minha alma chora e sorri ao mesmo tempo na sua tempestuosa harmonia de sentidos e palavras. Confesso que fico impressionado com a sua capacidade de inovação. Às vezes interrogação, noutras exclamação. Novas as sensações a cada letra.

Agora, posso adormecer em paz no meu jardim banhado por cristais líquidos de frescor, ao lado da minha Eva, meu cachimbo e minha maquina de escrever.

Adeus estimado amigo.

Uma miragem...Sou eu.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Nota do Autor.

Por hoje sobrou chuva e solidão.

Sento-me na areia fresca praia da Joaquina e começo a meditar sobre os pingos divinos.... Lembro-me com carinho dos mimos da minha mãe, dos pitos e conselhos do pai que eu escutava sempre como um aprendiz com a sede intensa do saber. Sinto saudades desses tempos, não há um só dia em que eu não me lembre dele com um carinho vermelho e sincero como olhar de criança.

Esqueço lentamente o tempo...

Sou mais amor do que qualquer coisa, todo o sentir está em mim e com os olhos fechados faço parte de todos os meus devaneios. O barulho do mar refresca os meus ouvidos, aguçando os sentidos e sensações: anfitriões do sentimento. Lento e eficaz.

O vento soprou, o tempo abriu, o mundo sorriu
a saudade enfim deu um recuo
a mente brilha em contato telepático
portanto, a melhor sabedoria é a alegria, concluo.

PS: Todo o conhecimento é fruto do sentimento.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Amor Singular.

A distância, o amor parece não mais existir.

Meus olhos cheios de lágrimas embaçam a visão das placas e das paisagens por onde o ônibus passa, deixando tudo muito mais nostálgico e menos agradável.

Estava eu partindo. Contra a minha vontade e real percepção, aos poucos percebi que tudo aquilo não era uma simples ilusão. Sem dignidade nenhuma, fui deletado pela mulher que amei. Por ela, não só conjuguei o verbo amar, o construí com as minhas próprias palavras, nunca amarguradas (até agora) e lapidadas com o doce sabor que só o amor tem. E nosso foi único. Enquanto durou.

A estrada ia passando e eu lembrando do nosso primeiro encontro...

Ela me ignorou e eu gostei. Tanto que no dia seguinte fiz tudo para encontrá-la, até achar e lhe entregar um ramo de flores e um convite para um musical romântico que estava em cartaz na cidade. O cenário perfeito para o início de um relacionamento. Ela topou. Pulei de alegria durante dias aguardando o momento mais especial dos meus quase 30 anos.

Fomos ao Teatro Municipal 3 dias depois. Ela estava linda, vestido longo preto, olhos escuros e cheios de estrelas que combinavam perfeitamente com o tom da sua roupa.
Assistimos as 2 horas de espetáculo compenetrados. Ao sair a convidei para jantar....

Assim começamos a nos ver sempre, dia sim dia não, depois todos os dias, horas e segundos. Era tanto amor, tanto sentir que ficava difícil resistir. E não havia porque resistir, nem por charme. Não existia frescura entre nós.

O ônibus faz uma pequena parada. Estamos cada vez mais longes, e ela realmente não me quis mais. Até então tudo faz sentido, se ao menos ela me desse uma explicação e não apenas tirasse as estrelas do olhar, como ela fez. Simplesmente sumiu no apse da paixão.

Já rejeite e fui rejeitado. Mas essa dor que não para de latejar a cada batida do coração, não pode ser verdade... Devo estar vivendo um devaneio...

Não, é hora de acordar e perceber que fui jogado para escanteio. É como começar a ler um livro e não permitirem que se leia o final. Isso já é tortura!

Todo amor que existia em mim foi sugado, amordaçado e assassinado lentamente. Esse pensamento não é apenas um ponto qualquer, é mais do que sério, é preocupante. Preso as antigas sensações ainda não sei como vou conseguir seguir em frente daqui pra frente.

Estou na minha cidade natal. A distância, o amor parece não mais existir.
Uma lágrima cai do meu rosto, está chovendo.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Além da Trilogia.

Maldita ressaca
pura nhaca
fruto do ser
alcoólico
pode ser
também
desdém
de quem
tem ou então
não tem
mais.

_____________________________________________________________________________________________

To a pé no ap
Pé pra que?

Pra que pé?

Inté,
Tatu – apé
Tattoo no pé.

Tudo isso é chulé?

__________________________________________________________________________________________

Horizontes inteiros
na minha visão
distante


perdida (?)

- subtraída


Fragmentos de poesia
na minha cabeça

s a c o d i nn do

( e xxx xx p l d i nn d ooo)


Evolu(indo).
Até breve.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Envelhecimento em 1° Pessoa.

Num longo gole, a verdade apareceu no fundo do meu copo. Clara e transparente. Juntamente o meu reflexo disléxico, pessoas e pensamentos embriagados.

Bebo e não cedo. Por isso.
Recosto sobre o balcão e digo: “um Jack Daniels, sem gelo, por favor.”

O garçom que já me conhece de outras noites boêmias, me atende de bate e pronto. Delicio a beleza saída dessas garrafas quadrangulares de rótulo negro há décadas, com seu sabor e cor amadeirados que gotejam lentamente o alto céu da minha boca. Sempre foi e será marcante, um verdadeiro ritual. Ficar bêbado também é um ritual, sim!

Pelos cantos e nunca pelo centro, vou criando raízes nesse velho pub, regadas ao bom e velho bourbon. Aqui se escuta piadas e xingamentos pelos cantos, pessoas rindo e brigando, tudo isso ao mesmo tempo. Mais que merda! É complicado para um velho bêbado, como eu.

Antigamente esse bar só tinha uma junkebox, dois ou três pinguços e nosso velho amigo garçom. Era tão tranqüilo. Nós bebíamos e falávamos sobre mulheres e futebol durante horas, algumas vezes até raiar o dia no horizonte. Hoje o tempo já me corrói, não sou mais aquele menino cheio de vida e sonhos que saiu de casa cedo para trabalhar na construção da cidade de São Paulo. As mãos cultivam calos, o corpo já dorme e acorda cansado, o bar é única distração. Pelo menos é melhor que o asilo.

Diferente dos uísques, ficamos piores quando envelhecemos, pelo menos aos mais jovens. Nunca nenhum deles conversou comigo, e os que eu tento simpaticamente se mudam de lugar ou fingem não escutar. Tudo bem, as minhas experiências não valem um minuto perdido, porém eu ainda procuro um sentido.... E se deus quiser, vou encontrar!