quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Sub-dor.

Da mesa do bar para você. Um brinde a ilusão. Quanto mais as pessoas me agradam, mas elas se tornam insuportáveis e poucas são as coisas que realmente me tentam. Algumas ainda me forçam sorrisos falsificados, e tudo que eu poderia querer é dizer adeus.

Você já notou que eu posso de falar de morte a qualquer hora do dia?

Desenho descontroladamente: mulheres e seus cordões umbilicais, todo o sangue da menstruação que escorre pelos lábios, sedentos e molhados. E não deixo nada passar.

Quero explodir. Explodir em rebeldia. Quero álcool, juventude e o fim.

Da mesa do bar para você. Um brinde a ilusão. “Tá ruim pra caralho!”, já dizia o bilhete, então vamos lá: pegue sinceridade, colha os frutos, salve miseráveis ignorantes, sinta-se bem, faça uma auto-lobotomia. Apenas morra, feliz!

E se ela fechar a porta é para sempre?
Alguém falou em rock and roll?
Infeliz pra sempre...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Um pouco de tudo, vá devagar.

Onde começa o céu e termina a terra?

Vozes imaginárias chegam e estrelas desaparecem. Fez-se o dia. E talvez eu já não esteja aqui quando você voltar. Isso. É apenas uma idéia que se fortalece na minha cabeça. Esqueça. Esqueça-me.

Acho que tudo bem derrubar uma árvore, podemos plantar outra.
Tudo bem viver com essa dor, ela é tão boa, pra sentir de-novo.

Morte, parte da vida. Vida, existe? Enfim,só.
Rejeitar, rejeitar. Enfim, só.

Apodrecendo no sofá, é pior do que você imagina.
A vontade de gritar, é maior do que você imagina.
A maça envenenada, é tão saborosa e mortal.
Estou envergonhado, drogado e negativo.

Televisão que fala sozinha. Uma fileira de garrafas de birra. Cinzeiro de cigarros esquecidos. Cinza e preto. Amarelo, verde e vermelho. Dor. Arte. Rock jovem. Chacoalhar os cabelos.

- May Day,May Day.

Sou egoísta. Explosivamente. Delinqüente e sem noção.
Aqui e agora.

Enfim, só. Tão bem, só. Ouvindo músicas que explodem na cabeça, explodem a cabeça. Então, tiro o tênis, fechos os olhos e conto histórias recheadas de enredos fantásticos, para mim. Não tenho fome, não tenho sede. Só quero transar com uma guitarra e ter orgasmos amplificados e sem pudores, até os olhos rodopiarem e a alma pedir bis, num incrível som seqüencial que ajeita os fluídos, repondo a minha testosterona. Embriaguez, gira!

A escolha foi minha. Enfim, só. Isso. Maior que eu e que nós todos, juntos. A dificuldade de respiração começa a se intensificar, ainda posso ser qualquer coisa, apenas, me fantasio de algo sublime, chego até a ser infantil. Peço, desculpas.
Me basto. Agora é com você. Enfim,sós.

- SOS.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Eruditamente escroto.

Vou dormir infinitamente. Silêncio, aqui estou. Ouvindo grilos malditos, raios por toda cabeça e nada mais. Distanciando-me do normal com cigarro e copo em mãos, só gostaria de desejar tudo de bom para quem eu amo e para quem odeio. Por incrível que pareça, tenho sabor de boa intenção e milhares de versos na minha cabeça recheada de cabelos. Por favor, um cafuné.

E se eu ficar olhando as estrelas, elas podem me levar?

Boa noite.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Um pouquinho de Oswaldo.

É engraçado ver palavras formando galáxias dentro de mim. A poesia é minha hospedeira, ela deságua nos meus mais escuros-claros momentos, ela é o acento dos pensamentos.

Ouuuuuu ouuuuuuu ouuuuuuuuuuu ouwwwwwwwwwwwwwww!
Não sei o porquê, hoje quero apenas cantar e dançar essa música, nessa chuva de verão.

Não me importo com a ressaca, com o bauru que desce massacrado até o turbilhão do estômago. Não ligo de estar envelhecendo e nem pra essa coceira que me persegue.

Hoje vou pra casa. Mãe, amo você. Pai, obrigado por todo o ensinamento.Tia Marília, jamais esqueço da minha “mãe caipira”.Nathan, o que seria sem as intermináveis noites de sofá? Léa, nós somos mesmo as ovelhas negras da família e por isso sempre te entendi. Sophia e Helena, sempre comigo. Pedro e João, vocês são a minha continuação, não parem nunca. Vóvó você é mais do que eu possa querer, vô Archimedes as duras sempre valeram a pena. Vózinha o seu carinho cobre meu mundo, vôvado você é quem dá forças ai de cima pro seu “gringuinho” continuar em pé.
Hoje eu vou pra casa e esse momento é meu, e de todos vocês!

Por que eu sou esse tolo emocionado? Não sei. As lágrimas brancas correm desenvergonhadamente meu rosto e eu não posso evitar. Não posso. Preciso de beijos e abraços, não tenho vergonha de assumir, eu quero, eu quero, eu quero! Hoje eu mereço ser a criança mais mimada do mundo. Juro que é só hoje. Já pedi pro beija-flor que carrega o pólen da alegria, dá janela ele me disse “ que tal recuperar a sua divindade?”....

É engraçado, é emocionante, é um vôo rasante com direito a frio na barriga. É prazeroso, me sinto amado. E o amor não tem preço, nem o carinho que teço por cada um de vocês.

Ajoelho e elevo as mãos pro céu. Deus está aqui.

Seattle 89'.

Eu nunca fui o que você quis

Eu nunca fui a sua razão

Eu nunca fui, eu nunca sou

Eu nunca tive meus pés no chão.



Válvula de escape, solidão.

Medo do medo, imensidão.



Pessoas travestidas de urubus

Poesia é platéia, impulso

Combinação genética.



Eu nunca fui o que você quis

Eu nunca fui a sua razão

Eu nunca fui, eu nunca sou

Eu nunca tive meus pés no chão.



Existe outra razão para sentirmos culpa?



Seattle 89’.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

A Sociedade do Vazio.

Fedelho lunático, narcisista esquelético, bebum de carterinha, todos moralistas,
caipira comedor de ovelhas, carrasco de si mesmo, bastardo apocalíptico,
dançarino perneta, roqueiro da morte, lambedor de carpete, bicha enrustida,
amador infeliz, megera ferida, maconheiro descriminado sóbrio e chato,
preguiçoso incinerado, mimadinho de uma figa, homem machista, homem em si,
polícia covarde, cidadão boçal, bonitinha e ordinária, vaquinha trepadeira sem amor,
maioria esmagadora, fanático sem noção, separatista alienado, pseudo intelectual,troglodita tarado, vizinha intrometida, a puta xereta, a visita inconveniente, o despertador, versos que não são tão sinceros assim, amigos que vem e vão, os caras do zona azul,dores ocasionais e estomacais, vícios sem virtudes, queimada de sentimentos ao relento,depressão bombástica e sentida, horrores da guerra, tudo sobre prisão, a tortura enrustida,ingratidão malcriada, vermes e verrugas, beijos e abraços sem intenção....

- Tenho facilidade em odiar.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Fotografia de um pensamento.

Era um documentário do Discovery, era um inseto psicodélico, era um tempo antigo, eram briguentos em um bar do velho oeste, era o fim, era o começo do re-começo, era o mesmo pra você e também pra mim.

Mutação genética, elefante cor de rosa
viagem genérica, elefante cor de rosa.
Uma metáfora de revolução. Um exercito. Um ma-mão.

-Boa tarde, o Sr, seria o campeão da tristeza?
- Sim, qual a profundidade da ferida?

As minhas linhas são tortas, na curva dos cabelos que furam os olhos, e iluminam mistérios e palavras de efeito moral. Foda-se. Liberto-me sim, quero vagar esse infinito, mesmo que por hoje, e, o nada mais. Mais além, fervo por dentro. Sei a medida e olhar do texto, arquiteto minimalista e sonoplasta das só-palavras. Escarro com rebeldia nas suas lentes!

Você conheces as luzes, as cruzes, e os murmúrios de tais liras? Soletradas e escorridas em parafinas, tais palavras capazes de atravessar o cordão umbilical da mãe terra. Elas poderiam até chupar a teta dela e ainda sorrir ao mesmo tempo. Posso entender, quer dizer, começo a entender. Dezenas de milhares de informações, por milímetros de segundos, é, é, complicado.

-Posso deitar, aqui?
- Sair da rotina...da...poeisa?
- É como, se eu não pensasse em nada, nada.

Escuro, sim, apenas sinto a música escorrer. Oh, exclamação, extensos pensamentos.
Negativos, chatos e dopados.

- HAHAHAHAHA.
- Domingo o que tem de bom na TV?

Era um lesão sólida, era sémen no chuveiro.

Pequeno resgate.

Acordei com a garota dos sonhos na conchinha,
ouvi Alanis “thank-u”, sorrio com todos os sentidos,
isso é domingo, é manhã, é viver
nem liguei pra TV, desenho coisas na cabeça, penso em arte
redescubro caminhos no meus jardins, canto um yeah yeah yeah,
danço com o ar, até com a vassoura e depois o rodo,
lavo a louça, por incrível que pareça não reclamo,
bebi Soda, meti minha calça Levis detonada, num respiro Vintage,
inspiro o ar da Lagoa da Conceição, me torno um pouco mais místico,
me debruço nas lembranças, mais as boas e por poucos segundos,
cabeça avante, olhos grades curiosos:jabuticabas,
me deixo invadir por mais um pouco de sonhos, pela garota bonita sempre,
dançocoladinho, beijo fininho, eu sou ela e vice-versa,eu, ela(:amor,
acordo de novo, e não menos feliz, preparo um café no mínimo pitoresco,
miojo com parmesão, molho inglês e manteiga Aviação, hmmmmmm,
me jogo no sofá, toco a minha barba adolescente e decido não me desfazer dela,
do meu sofá toco o “céu”, tenho mãos leves, braços finos, idéias fixas a tempos,
trejeitos esquisitos, momentos instantâneos de instintos, frutífero de poesia,
sinto o vento que anúncia a tarde chegar , fui viver.

Presente, passado ou futuro?
Conjugue-me.

sábado, 19 de dezembro de 2009

Escrita marginal.

Olhar vesgo para o sinal vermelho. Pensamento em voz alta, pensamento alheio.
Viajei?

Música. A música quebra todas as barreiras, é ela que viaja através do tempo.
Do outro lado, libero minhas endorfinas. Fique comigo, eu posso contagiar você.
Neurotransmissor de emoções carregadas e digeridas. Era criança, cresce tão rápido.

No restaurante, “como anda a resistência?”
Na sala de estar, “se serviam com o sangue dos artistas!”
Na casa da sogra, “sim, eu gostaria de gritar!”
Na reunião com os poetas, “obrigado, existo.”
No inferninho, “rock me baby.”

Opiniões, tenha muitas, algumas esquisitas, outras delirantes, algumas especiais, outras mais ainda, tem umas até que se transformam na simetria do verso, e umas pra lá de boas, as prosas que nascem, -me dou a luz-.

Por onde andei? Não canso de me perguntar. Pra onde vou? (...)

Comunicação;sistema nervoso;comunicação sistema nervoso;comunicação.Se-trumbica.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rascunhos de um pós-escrito.

Ainda ontem, eu toquei um simples limão. De coloração verde viva de atração embriagante, e no toque pensei “como pode essa fruta ser tão viva? E eu tão pobre de estilo?”. Naquele bar, afastado das pessoas, eu e o limão limando o sereno. Tem tanto medo dentro de mim, que arriscaria dizer que meu olhar anda sem vida, e essa está enrustida. Será que puis o dedo na ferida? Ou é só o gosto da caipirinha?

Uma moça. Moça não, uma mulher de uns 40 anos, da pele morena e delicadamente sonora. Percebi que ela observava meu status, eu já fraco, porém, capaz de amar um limão. Sem perceber a mão dela tocou minha geografia.

- Você tem sintomas angelicais, posso sentar aqui e só te observar? Não há nada que eu queria mais! Peço que não digas uma palavra, um murmúrio se quer. Ela recitou essa pequena sentença, pois as mãos sobre os queixos e ficou a me olhar, como a consciência e o limão.

Meu pensamento está longe. Onde está o amor? Me sinto como o último dos românticos.

Tão poeta, tão sensível e com dúvidas e dores que cobririam o mundo, peço desculpas, mas não é culpa minha. Tudo bem, os espetinho de picanha chegaram. Pimenta, molho de alho, goles no meu copo interminável... Minha sede é insaciável.... Vejo aqui uma fonte de um amor inesgotável...

Aqui me vou, além.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Verme impulssivo.

Essa porra toda não me desrespeita, ela é incrivelmente bela, ela espreme as tetas num decote
Essa porra...E se eu der um passo pra dentro da alma e pra fora da realidade, você vai ter,
vai ter meu pus na tua carne, como tu gostas, como tu gostarás da minha lira,
invoco-te.

Não, mantenha-se longemente afastado. Tenho poderes que “hu-manos” julgam impossíveis.
Ela vê o mistério no meu rosto. Escondo-me. Invoco-me.
Construo. Pontes. De-versos. Tipos.

Sem porquês, nem querer. Ultrasom ultra-sensível no canal da uretra.
Por favor, por favor, por favor. Não, não faço isso
digo “ fora daqui! Burguesinhos de mêrda”!
Eu não conheço você. Eu não respiro você.

O que me mata é essa porra toda, qualquer coisa
o que me mata é tudo isso, qualquer coisa
o que me mata é a alteração da preguiça.

Miolos pelos ares, inspiração,
grosso calibre de atração,
alguém sentiu essa sensação?

Aqui jaz um poema.

Pontos finais e uma heresia.

Não sei mais de nada. Não pretendo envolver ninguém nisso.

O nisso está no aquilo. Aquilo mais, ali. Onde? Passou.

Posso, fertilizar no chão de grama ou areia. E por esse Dom agradeço.

As pernas dos fracos, os olhos dos indiquinados. Meu corpo em frangalhos.

Me desconheço. Herdeiro do reinado da fantasia. Pontos finais e uma heresia.

Amor de pai, carinho de irmão. Eu quero a minha mãe. Eu não ligo, mais.

Ela sabe que está certa. Eu tenho medo do futuro. E não há nada que você possa fazer.

Você já reparou que? Que...que..Vestido com essa camisa pareço um bitolado?

Quem sabe ao certo, o incerto? Agora só sei que preciso de mais fantasia.

Mais pontos finais e uma heresia.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Excêntrico & ilustre Gogó de Sola.

Cris não tem pelo nariz. Juliana, a madame cigana. Marcelo é cego. João é anão. Pedro Paulo, um arrombado. Maria clara, gosta de whiskey na jarra. Maria Júlia, se pica com agulha. Marião João, que homenzarrão!

E eu digo – ÊITA BRASILZÃO DOIDO, SÔ!

Esse dia, quarta-feira, fria e nebulosa. Bar Estrela, um inferninho na rua Augusta, berço da tal maloca e de tudo mais que a noite cria. Eu sou da noite, o vosso narrador sublime e nada menos que seu criado. Gogó de sola, ao seu dispor.

Sempre to por ai, aparece um

- Ae Gogó toma aquela gelada, lá?

E eu digo – Pô, sô parceiro né? Parceria pô! Gogó é sempre parceiro!

A rua é minha e eu sô um cabra bem do oberservadô, dos fureca aos dotô, conheço e vejo de tudo nessa São Paulo. Digamos que sou um ilustre ignorante, mas também sô escritor. Me agradam as palavras, combina com as noites viradas, o desabafo e rotina.

Mais, voltemos ao bar Estrela. Esse ambiente serrado, invisível, pode até ser, para quem passa pela rua, mas dentro, tem dentista, mágico, médico, até uns artista. Rola birita, sinuca, as vezes até umas puta, ai depende do dia. Mas vai que o patrão tá com sorte, né? Ou vai me disse que não gosta?

Lá mais escondido, tem até um Karokê ( é assim que escreve?), é meus querido, lá é onde o Gogó solta o gogó e literalmente falando. Falo no microfone, elogio as menininhas, danço e canto, tudo isso com um copo na mão. A dona Soraia que o diga, adora toda essa energia, dança feito uma louca, e olha que ela não bebe nada, viu?

Hoje, quarta-feira, fria e nebulosa. Mas a alegria está presente, em cada canto do bar Estrela, se não tem distração, a gente solta a imaginação. Esse é o meu lema, sô. Sô filho de minero, alegria o tempo inteiro, sô! Eita festa danada!

- O seu menino, desce mais uma! Mais oh, tem que ser daquela bem gelada!

Cabra safado, me identifico com todos e observo tudo, tudinho. As senhoras que jogam caxeta na mesa 3, chegam todos os dias as 19h e vão pra casa as 22h, o doutor Aníbal, dentista, toma no mínimo 3 rabo de galo e só entra no bar com o pé direito. Ah e tem também a Mirtes, moça bonita sô. Só senta na mesa 6 perto da janela pra poder fumaro o seu cigarro Charme ultra longo. Afinal, o importante é ter charme, não é? E aquela ali, tem é de sobra.

E eu digo – ÊITA, BRASILZÃO DOIDO!

No meu caderninho, anoto tudinho, sô. Cada movimento que fotografo aqui na minha cachola e transformo nas figuras da minha inspiração, e ela certas vezes ganha vida, como hoje. Não sô cabra frouxo, mas hoje aqui me emociono, lágrimas descem pelos contornos retorcidos do meu rosto pardo. Lágrimas, não de gosto amargo, mas doce, mais doce que Jurupinga e tão confortante quanto a cachaça.

E eu digo – ÊITA BARSILZÃO DOIDO,SÔ!!!

Dê toda a minha simplicidade, posso dizer que a Arte é minha vida.
Por hoje, só isso a declarar. Gogó se desfaz.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Vagina molhada, história apimentada.

Por tempo indeterminado, não quero ver o sol e nem ser queimado por ele. As janelas dessa carruagem que pego todo dia pela manhã, reservam belas surpresas, mas ainda preferia ter ficado em casa. Recostado, meus olhos só desejam permanecer fechados. Não me importa mais, os vermes caipiras, as putas que se fazem de donzelas e as vozes indolores de pessoas invisíveis. Preciso ser aceito, preciso de aprovação. Me escolha, ou me mate!

Podem salvar um homem de si mesmo? NÃO!
Brincando com a vida todo dia, até quando agüentar? Hoje é meu dia.

Você pode ser qualquer coisa...Você pode ser qualquer coisa...(+2x)


(...)

Paul e eu compramos uma arma. Na loja de penhores, o Sr. de bigode nos interrogou e com uma cara de paspalho, seguiu sorrindo e polindo sua 22. Adoro esses caipiras, acho que realmente sou um deles. Paul diz que armas o deixam com tesão, por isso, ficamos com a calibre 12. A primeira vez que a segurei, tremi e senti a maior sensação de poder, de toda minha existência.

Matamos um servo, e aquilo sim, deu-me prazer. Pude sentir seu último respiro, enquanto distribuímos bicas e risos, no pular dos meus cabelos de fogo, finalmente eu era alguém.

Tiros e risadas. Sarcásticas, além do meu alcance. Paul e eu, estávamos marcados, a ferro e fogo, pelo resto de nossas vidas e mortes. Sim, mortes.

A irmã de Paul, não tinha peitos, tinha tetas. Ela me olhava com o olhar que cai de baixo pra cima, ela toca seu corpo em minha direção e eu só consigo me regurgitar. Meu pênis, virgem, meu desejo calejado, cabelos louros e sábios.

- Estou aqui pra você, bebê. Disse ela de camisola me acordando no meio da noite. E ainda teve mais.

- Fica quetinho, sente esse quentinho.
Ela cavalgou em mim, ainda virgem, até não ser mais.

Acordei de um sonho maluco com o Sr. de bigode da loja de penhores, ele estava parecendo um personagem do circo de horrores, sua voz era aguda e pontuda, chegava a entrar na carne.

Seu microfone era sua 22, dizia coisas sem sentido como “não existe o amanhã”, “mente de um gosto destrutivo” e “começou a temporada caçada”. Devo admitir, acordei sorridente aquela manhã de inverno, na casa de Paul, onde sempre me escorava.

Bebemos Gin e saímos para atirar. Gim-tônica. Bomba – Atômica - Corações.

Bêbados, brincávamos. Apontávamos a 12 um pro outro, sem receio, apenas com simples desejo que por nós era compartilhado.
Ô pecado. Será?

Eu tinha uma mancha dentro de mim, e Paul sabia. Eu comi a sua irmã, e lá no fundo ele sabia, o quanto ela era profissional em ser vaca. Talvez por isso ele tenha me matado e se sacrficado depois, como um servo. Então ele sentia um tesão secreto por ela e pelo servo. Ou ainda quem sabe ele não teve o mesmo sonho que eu?

(...)

Hoje é meu dia.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Conto de Fagulhas.

Alguém disse “a orgia está liberada”, alguém sente, alguém gosta de algazarra
Alguém era uma garotinha, hoje, é até que bem sacaninha
chuta o balde, bebe e esbalda, mete o pé na estrada.
Alguém vai de encontro ao seu destino.

Droga! Quantas cervejas ?

Já começou a sessão das 10, faz tempo. Não ligo. Estar aqui, nessa hora, nessa temperatura me basta. Oh preguiçoso. Alongando finais de semanas, além, de sua tal plenitude. Enfim, é tudo que preciso. Umas doses & danças. Nicotina & janelas fechadas. Indo pro coração.

Ambiente carregado, odor vaginal, corrupção de pensamentos, escarros altamente bastardos, estômago inflamado. Preciso.Preciso. Ficar só. Só. Edredom.

Ossos que não perdoam, doces, por que não? Adoro porcarias. Trancado, fechado para balanço. Quanto mais eu vou precisar gritar? - Vermelho sangue. - Privada. - Pulmões. - Flores.

Droga! Quanto vale o amor?

Alguém disse “exagera e você passa mal”, alguém disse “maltrate, yeah”
alguém disse “ você pode pisar em mim, se quiser”, alguém diz “ só quero respirar”...
Lá trás, alguém disse depois “ nesse caso a palavra puta é presença constante no vocabulário”.

AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! PRECISO?!?!?!!!

Cigarros não me bastam, já esqueci as cervejas, domino tudo desse esquelético ser humano fibrado, ah, e como sinto. Prazeres. Amores. E horrores. Do desejo a maça envenenada.

Ajeitando os fluídos, me aperto em uma caixa, cadeados e combinações,e o que você é são só suas vertigens de alucinações, perfeitas inclinações da mente. Humanamente sub-humana.

Alguém diz “ meus pensamentos estão no cinzeiro”...

A Garotinha do papai.

Na praia, no mar. Esperança e cinzas em mais um verão, só uma pequena ocasião para a perdição, e lá estava eu. Cabelos, pentelhos, corpo, alma e devaneios. Costumo dizer que a diarréia é ocasional, humor negro não. Me dá prazer o escatológico e eu gostaria de chutar um traseiro gordo, morfético e moralista, por favor!!

HEY, O AMOR A DOIS?

Casualmente é domingo, e nos domingos o tempo passa cada vez mais rápido, de frente pra lagoa, estático edorfinado, penso que as pessoas são acontecimentos, e atores coadjuvantes dos momentos. Em si, em suma, sou meu próprio parasita.

Zumbido. Mosquito. No ouvido.

Como isso, como aquilo, me recorto, e divido o amor pra você, não é lindo?
Moldo, (re)desenho, entro dentro até fazer parte, de novo. Tudo pelo sorriso.

Acho que falta um final, não? O solo que precede o grito, faz pirar e a música já é instinto que flui em sintonia aos sentimentos. Barbaridade!

Poesia sem cabaço.
Poesia sem cabaço.
Palavra sem cabaço.
Virgem sem útero.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Estranhos.

Ele não sangra, ele é homossexual
ele pensa mais no seu cabelo
do que no seu futuro
esvoaçantes mechas no escuro.

Uma vergonha, alheia?
segunda, terça, quarta-feira
todo dia uma besteira,
semeia ingratidão.

Ela não sangra, ela não sabe se ama
ela tem 29 e só pensa em casar
orgulho próprio de leão, ela tem
ela já pensa em morrer sem amar.

Ela, ele, ela, ele
coroa de espinhos
muro lamentações
Berlin, berlinda
Ela, ele, ela, ele

Ele nunca teve herói,
porém, não se importa mais
ele tem sarna, ele coça
ele caçoa, ele atordoa

Ela dança e enlouquece
ela tem o olfato apurado
o cabelo dourado
um jeito sarcástico.

Eles deveriam ter tido outra chance. (3x)

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Inquisição.

AGORA!
É hora de enfrentar, de sofrer, chorar, sei lá....Let’s go!

Você aqui, mas na real, foda-se o que pensas, quero seguir assim, desintegrar no meio dessas palavras sujas e carrancudas, aliviando e me maltratando um pouco.

A terra, os vermes, as formigas e as baratas já provam da minha carne, entram na derme lentamente feito vaselina, e algo aqui me agrada. Talvez seja essa doença incolor, não fluorescente de origem clóroformica. Sobe e desce, dos pés as cabeças, finito e infinito: vida inteira diante dos olhos.

Gritar. Espalhar a palavra por toda a parte.

Explodir de dentro pra fora, mudar tudo
do vermelho pro azul, mudar tudo
de casa pro trabalho, mudar tudo

A cada dia pareço mais com o que eu quero ser, do meu jeito, claro.

Tomamos um drink e eu te destilo com um olhar vivo, enquanto você luta com a sua cabeça tentando descobrir o que penso, quem sou. Quem? Pergunto-lhe, quem?

Suas novidades já são velhas novidades, elas envelheceram com nós, se tornaram velhas e bêbadas como todos nós, cheios de pensamentos tortos, inclinados e distantes. Tudo bem, é só mais um pouquinho de paranóia. Chega a doer em você?

Parem de me olhar, odeio essa cara de destruição em massa, me suga pro “underground”, me bata, me acuda e me masturba. Estaria sonhando? Ainda ando pelas palavras e chuto os seus padrões feiticeiros, me olho no espelho: poeta, artista e desordeiro. Oh meu deus, isso aqui parece um puteiro!

ACORDE! AGORA!

Anjos queimam lentamente,
bruxas na fogueira de Salém,
amores que não pertencem a ninguém,
vida, vidas, vidros e prisões
esquecidas, desmerecidas
pequenino menino, asas fraturadas
coração rachado, humor espacando
obrigado.

Não, não tenho medo de morrer.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

(...)

Vivo, aqui estou
feliz, aqui estou
mãos dormentes, aqui estou
poesia, palavras que simplesmente acontecem
padecem o eu, no seu, em você.
Hey! Pro céu ou para o inferno?
Machucado de novo, aqui estou
ferido na guerra, aqui estou
me corte e verás que as palavras aqui estão,
mistas de compaixão e sedução,
poderás me achar.

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Desgaste,
físico e moral
nem ligo, posso,
me desligar,
olhos fechados, alma aberta
vejo as pequenas partículas da vida
enfim, isso já valeu a pena.

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Não ligo para o que você pense,
sendo sobre mim,
tantas verdades nas nossas pupilas,
tantas vaidades no mundo,
e eu só quero voar, fazer das veias coração,
voar nesse sentimento,
com ou sem razão.

Amor, ódio, amor.

Prendendo a respiração, olho pra baixo. É realmente uma grande queda, não parece fácil, desço do pedestal e não enxergo mais a minha sombra e ela não está sóbria. Meus passos lentamente se afastam do fim, os olhos ainda flertam e clamo “deixe o meu coração ir”.

- Me culpe.

-Me ame.

-Me odeie.

- Para sentir-me é preciso ser mais intenso e menos moralista!

É isso! Nós somos a própria escória, os malucos, poetas e drogados. Quem se importa?

Podem jogar-me as pedras, eu pequei e não ligo em sofrer, apenas vou fluindo em cada milímetro da dor e então....BUM... Todos me esperam, e agora?

Então, segundo as normas da sociedade, não passo de um doente, um viciado em criticá-la, sou eu que sujo suas entranhas, tripas e veias com sprays Colorgin e uma ironia exacerbada.

TUTUTÁ...TUTUTÁ...TUTUTÁ...TUTUTÁ...TUTUTÁ...TUTUTÁ...
Guitarra imaginária, bateria seqüencial, gritos e berros exuberantes!

Os passos firmes da revolta me trouxeram de volta, os olhos claros da moça bonita e o gostinho de ser o poeta mais vagabundo do mundo.

Prendo a respiração, olho pra baixo. Estou de volta.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Espancar pra valer II.

E dentro do peito: nada.

Sem água encanada, me arrumo pra noite, ainda é fim de domingo, um respiro para quem só pensa no precipício. Acho que vou simplesmente desistir, me soa mais fácil e, é tentador imaginar o que seria o canto dos anjos.

One, two, three, four!

Vamos rodar em uma máquina de lavar, esquecer tudo, quero me entregar por inteiro, embebido e envelhecido. A água nos afoga e afaga, o nariz sangra e esse é um processo lento e pago. Estou pronto.

Parece que deus quer-me louco e aos poucos começo a entender, porque realmente estou aqui e também sei que um dia você também irá descobrir. Obrigado pela paciência, você acaba de ganhar milhões de péssimos trocadilhos. Sorrio!

Minhas vestes, meus olhos pequenos e curiosos me lamentam, essas esquisitices, na forma mais clara e verdadeira do instinto. A falta de um carinho feminino, sinto, nem lembro quando foi a última vez que tive um. O verão chega com um calor mórbido, descendo pelo tubo digestivo e colando o estômago com cola sintética.

Revistas enrugadas,
antigas masturbações,
sangue, aborto, menstruações.
Não sei por que, adoro pessoas e insetos contraditórios.

Me injete a cura!
Me injete a cura!
Injete a cura no meu templo!

QUEM ENSINOU VOCÊ A ESPETAR MEU CORAÇÃO?!

sábado, 5 de dezembro de 2009

Pseudo pornô.

Meu olhar beija o céu. Jeito criança cria caretas nas nuvens.

Quadripolar. Dias feitos para amar, hoje. Ontem, esqueço. Vens aqui me ver, nessa noite de verão que chove lentamente. Fotografo a sua alma, no ângulo dos pensamentos e saneamentos básicos para manter-me de pé madrugada a dentro, rumo ao centro de tudo aquilo que me satisfaz.

Um trago de birita, molho as palavras.

Soul um pestinha de sorriso largo, cabeludo e largado! Caiu, mais caiu pro lado mais confortável do sofá, jeito preguiçoso e cabeça cheia. Elevou-se. Me escondo da realidade, e é rápido enquanto dura, sou da noite e inspiro para soprar a loucura.

Pego no flagra.Alma pontuada, minha terapia é auto-conhecimento, brinco com as minhas mãos tocando ar, ar de respirar! Suga-me, aos teus céus e degusta-me.

- SIM. SIM.SIM.

- V O Z Q U E E C O A A M E N T E A T O A.-

Sinto as montanhas da minha mente se mexerem,
preciso “loco”mover-me.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Brisa eterna.

A vida passa, quero sim, vivê-la. Sexta hoje é dia.

Invencível, intocável: não sofrei mais por antecipação.

Peço licença, vida, vivo. Vovim vivo. Motim em mim.

Aloja-se no peito essa viagem, a mochila nas costas,
as cordas da viola e o fio das músicas.

Sexta; bebemorar, bebemorando esquecendo e lembrando.
Sexta; bebemorar, bebemorando, com ou sem teto.

Cigarros em um cinzeiro em forma de concha,
amores em formatado de peixes,
feixes de luz na vida escura das camisas do Alice in Chains,
tudo em dosagem rápida, sem muito tempo pra pensamentos,
apenas me desprendo.

Sexta. Mudar é preciso.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pensamento em trânsito.

Por onde sempre passo, reparo em lugares que nunca vi, hoje. As 18h40min do dia 2/12/2009, meus olhos chegaram lá, grandes olhos negros, sensíveis ao mar. Tal mar que, nesse dia e nessa hora me tocou lá dentro, possibilitando-me ouvir a sinfonia das ondas batendo lentamente as areias frias do sul. E como é belo, o sul.

De passagem, digo, diga-se de passagem...

Da ilha ao continente, do consciente ao inconsciente, me faço ao natural.Sou filho de Deus, portanto, sigo como tal.

O que tem essa reflexão? Histórias. Vivo para vivê-las ou contá-las?
Não sei, quem sabe? O que sei é que meu estilo é nômade e se multiplica.

Posso dizer que minhas raízes estão aqui, não nessa ilha, mas nessas linhas que a minha pitoresca pessoa foram reservadas antes mesmo de ser um embrião.
Sei disso e faço por onde, afinal, por onde mais eu faria?

(Tudo isso num pensamento em trânsito, no ônibus.)

É tão simples e prazeroso ver as coisas passarem. Da minha janela, as enxergo como um quintal e tenho o poder de descrever cada uma de suas rosas, com suas mais fundas particularidades tecidas em nobres adjetivos.

Beleza. Natureza. Amor. Força. Vitória.
Espanta-me essa vontade exacerbada de vida! Oh Ilha da Magia!

Me apaixona os teus ventos,
a planarem com a brisa
desloca meus pensamentos
em fatos e momentos
livres, leves e loucos.
E digo que não são poucos.

Cérebro chega fica rouco, cafuné ameniza.
Me ponto chegou, até o próximo devaneio.
Nunca jogue a poesia pra escanteio, sinão vareio.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Garoto galante.

Permito-me a preguiça, após adormecer com os anjos:
e-s-p-r-e-g-u-i-s-o-m-e.

Somepalavras. Issomemo...

Por hoje, pretendo perpetuar a minha própria história artística, comer chocolate e ver o tempo passar do meu sofá com um sorriso quase eterno.

Coração Hard-Rock, Whiskey na jarra.

- YEAH!!!

Elevado ao nível do meu abalado ego, agradeço as coincidências e conseqüências dessa vida, obrigado, obrigado, obrigado...Embriagado! E não para por aí...

Faço me desordeiro, o vândalo das palavras, as vezes tenho medo de mim, conheço bem o único prazer da destruição. Receio que já perdi o controle, me nego me entregando, apenas sigo andando... E como.

(...)

- Menino, essa sua poesia é subversiva, é forte de raiz e nostalgicamente compulsiva.

- Apenas tenho medo e não sei o que acontece, permito-me novamente a pri..pri...guííí..ça.

Falo de mim pra mim mesmo. “Carai nêguin isso aqui é mó viají, qualé qui é”.

- Lugares.

-Os mesmo lugares. Que meus olhares expansivos, outrora e de volta agora, tateiam e exploram horizontes fluentes em novidades. Ah essas novidades...

- Sem mais, sonoramente me despeço.

Bebê do Big Bang.

Nesse choro, dê pandeiro que canta pelas mãos do maestro do samba, dê bem-estar e dê cervejas que molham palavras e refrescam idéias, sou verão e padeço em perdição.

Algo me falta, alguém está faltando. Lê, donde estás?
Mergulhando em mim, te sinto. Bonita.

Esqueço o samba, fecho os olhos, um segundo e lá estamos nós: juntos, tão espremidos no sentido da palavra, que nos (trans)formamos em um único ser, filhos da mãe d’água. É confortável ver nossas auras nadando juntas, a adrenalina corre nas minhas veias reais e imaginárias nutrindo minhas virtudes e esse é seu efeito em mim.

(Beijo lento, apaixonável e interminável – quero, preciso, necessito)

Pensamento luz rápido, palavras e poesias recitadas no vento, enfeitam você pelo toque sensível das minhas mãos trêmulas e meu sorriso desajeitado é seu, só seu e de mais ninguém.

Um impacto em minha vida,
um amor que cura qualquer ferida.

As luzes se ascenderam, última música, um trago,
para sempre juntos.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A 100º Postagem.

Quando ele nasceu o primeiro presente que ganhou foi um poema.

Vou poupá-los desse meu arroubo de pai.

Mas a intenção daquele meu desvario literário era dizer que o protegeria para sempre.

E que, na borrasca ou no estio ou na abundância, estaria ali do seu lado – atento e amoroso.

Os versos devem estar hoje em alguma gaveta empoeirada. Mas foram um sinal do que vinha pela frente.

O tempo, como sempre, voou. E, à maneira de todo pai que se preze, passei a imaginar minha melhor criação de muitas maneiras.

Um engenheiro, advogado ou médico para ser o meu contraponto.

Um “chef” de cozinha - quando resolveu, no início da juventude, fazer estágio num restaurante – para ser o meu gourmet.

Ou quem sabe um aviador, como sonhava o avô, para ser o meu Santos Dumont.

Ah, quantas angústias e delicias povoam as ideias de um pai ao ver seu filho crescer.

E como são poéticas as cabeças paternas. Imaginam coisas do arco da velha, veleidades que até Deus duvida.

Não fugi à regra.

Para o bem e para o mal, sou pai dramático, passional, exagerado.

Todos os meus filhos que o digam.

Amo-os com a dedicação de um estivador e a delicadeza de um dente-de-leão ao vento.

O que não senti ao ver que o meu rebento, que poderia ser o médico ou o engenheiro que nunca fui, seguiria a mesma trilha pela qual enveredei?

Um amante das palavras como eu!

Medo, quanto medo.

Confesso que foi a minha primeira reação.

Será que o meu (sempre) pequeno garoto estaria preparado para entregar sua vida a esses caprichosos sinais gráficos?

A essas convenções gramaticais que, por tantas vezes, convencionaram que eu deveria me ajoelhar a seus pés e ficar cismando indefinidamente em busca de significado?

Pensei logo, co mo naquele meu primeiro poema ao filho, em protegê-lo de tal sorte.

Mas era tarde. Não se protege um homem de seu destino.

Fui então, como a velha árvore, deixando apenas que a minha sombra recaísse sobre a do meu descendente, broto que despontava cheio de vivacidade sob o Sol.

E assim foi.

Essas 99 postagens dele, revelam algo muito importante para nossas vidas: sinto que, feito eu, ele nunca mais vai abandonar essa paixão.

Inexorável como parece ser, meu filho, só lhe resta fazer o seu melhor.

E que as Musas sempre sorriam para você e sua lira.


Carlos Castelo.

Carlos Castelo é jornalista, publicitário, humoristas e nas horas vagas meu pai.