quinta-feira, 1 de abril de 2010

1941.

Na minha cama e sem pudores. Desisto de ser um personagem fantástico, só penso e penso numa solução, impossível encontrar. Alguém disse para vasculhar lá fundo e que devo me concentrar (então fechei os olhos e prendi a respiração), os pensamentos outrora latentes, evaporaram por mais ou menos 7 segundos. Ufa.. A lua é a prata dos amantes, da minha janela a transformo em correspondência com meu amor, inspiro uma telepatia-gritada dialogando com as estrelas em tom enaltecido. O monstro jogado as tuas esquinas, tais esquinas esguias e cheias vermes amarelo-abobora que rastejam. Escondo-me. A noite é fotografia Vitoriana, escuridão-claustrofóbica em meio caos e o barulho das avenidas. Sim, respiro.

Me perdi para me encontrar, nesta noite de luar cheio as sensações acontecem, por elas sou completamente invadido e desprovido da moral-sanidade. De novo, me escondo. Estou no meu exílio e com a faca cravada na carne, o sangue e risos sarcásticos: tudo tão real. É uma transformação, e me aceito.

Grades olhos se auto-encaram, as maças podres se auto-mutilam sobre a mesa longa de jantar, há tempos esquecida. É tão belo e vivo quando alguém ama a própria dor, não existe culpa, soa como um ato grandioso, o último, antes do fechar das cortinas vermelhas-celestes.

A luz que tem minha cama, dos meus olhos a ponta do pé, a luz que tem meus olhos que refletem a lua em labaredas. Sei, o peso que tem um olhar e o amanhecer vezes me castiga, vezes me instiga.

Os mesmos pecados para os mesmos homens, sempre foi e sempre será assim. Herdeiro maldito, tenho um buraco negro bem aqui na minha cabeça, um completo vazio que se manifesta em momentos-inconseqüentes beirando o extremismo, confesso que cheguei a atravessá-lo. Faca na carne, pacto de sangue. Escorrendo pelas lacunas e degustando um doce conhaque, faço-me um sentimentalista barato e invoco uma lira só para lembrar que um dia fui alguém, um amante do teatro e das várias facetas humanóides. Sim, sem pudores.

Odeio o barulho das avenidas.

Lawrence Talbot

2 comentários:

  1. Odeio o barulho das avenidas idem. E o Lawrence, quem é?

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  2. É impressionante a intesidade das palavras e expressões que usou. Muito bom e inteligente.

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