terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Fragmentos de diário.

Como soa longe a saudade. Ela dinamita a mente longe e faz o verso se estender pelas linhas, do meu amor próprio. A hora do banho me faz pensar na vida, são tantas emoções, seqüências padronizadas e não-padronizadas e, a água quente que cai esquenta o cocuruto, desliza por todos os meus orifícios e cavalga perante os edifícios do sofrimento. Ah SAUDADE. Escuto seus ecos monossilábicos. Sua presença em forma de espírito e a qualidade de tal entrega. Agora me diga, será que você pode me confortar? Eu gostaria de poder sorrir com mais freqüência, de pular de alegria, de viver o símbolo de uma vida não mais medíocre que a da classe média. Saudade de criança. Saudade de ser criança. Um bicho de sete cabeças esse tal de crescimento, violento e arrebatador como um matador de flores. Viúvas negras. Me alegre, seja lá quem você for, abrace a minha causa, faça cocequinhas na minha barriga, eu, preciso de sorrisos, uma razão para sorrir. Por favor, faça que não doa mais, seja meu fio condutor sintomático e imagético. Ensina-me a sentir o cheiro da primavera e a suavizar o ar.

(...)

No rangido da minha pena, céu vermelho, passos doidos e cansados. Amanheceres suados, perda de controle em situações extraordinariamente banais. Penitência. Só consigo amamentar-te, tenho calafrios e pensar nisso fazem aparecer mais calafrios. Agora mesmo, tem medo e muito. Pare, por favor. Por favor, quem é você?

Tem um monstrinho dentro de mim, tem sim. Existe um monstrinho. Assim. Ah sim!

Ele está a flanar dentro de mim, feito uma ironia literal de caráter. Ainda tenho medo, algo sobriamente sombrio está a caminho. Não sei o que. Pior que saudade e medo, juntos, pior que a doença do intestino-nervoso e, do tamanho da chaga do universo. O monstrinho come as minhas entranhas e tripas finas, regurgitando os pequenos restos celulares nas minhas moléculas de crescimento em uma cadência de um “fardalhão”. Da violência da paixão, da doença do meu coração: saiu-me um poema, nada mais que, uma canção embrionária, essa pausa no inferno da vida. Por favor, faça parar de doer, por favor, se preciso me acabe, me castre como seu animal de estimação. Por favor, me obrigue a lamber seus sapatos de couro e beijar seus pés-de-seda. Por favor! Tem alguém aí? Deus, homem, animal. Eu quero ir pro céu.

(...)

Na precisão do meu caráter e, em fragmentos do meu diário: acordei. Sono e fuga. As remelas grudadas nos olhos castanhos e depressivos, juntamente com todas as sobras do meu corpo que, sobem a tona. É o fim dos segredos. E como soa longe a saudade, o medo e chatice clássica. Ainda assim. Ainda mesmo assim. Tenho tempo para admirar um dos últimos arenques lunares que passaram por essa terra, cheirar e beijar as últimas rosa da estação e exigir veemência na trilha do caminho do desespero.

Seja lá quem você for, me ame, posso ser tão carinhoso quanto uma comédia romântica, afaste de mim esse desespero fecundado e orquestrado em rimas que fazem eco. Seria muita insistência, pedir, mais um, por, favor? Mate esse monstrinho drogado, pise nele, como pisa numa barata de quinta. Não te vejo, não te conheço, mas você é mais forte e coerente. Letra por letra. Inclua-me nessa transliteração, por favor: mais um. Não te conheço, mas você tem a aparência da verdade, é, como acima das florestas as montanhas, é simples.

(...)

POR FAVOR, QUERO IR PRO CÉU.

1/2/2010.

3 comentários:

  1. Você é bonito até sofrendo

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  2. esse escrito te transformou em um poeta, de verdade. Seja pelas imagens angulosas, ou pelas palavras perfeitamente encaixadas nos versos, ou ainda pela expressão de uma dor sentida a cada segundo, como uma pinitência mesmo. O melhor, muito bom e sincero.

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  3. Explodir em palavras, isso sim é o q vc faz!

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