terça-feira, 13 de outubro de 2009

Samba Enredo da Libertinagem.

Preciso de um tempo, alimentar-me e começar uma nova vida.
Vasculho os subterrâneos, escuros e fundos, da minha obra. Desfiguro o padrão, deixo a emoção superar a razão, como sempre...

Vendo a Lagoa da Conceição, meus versos se movem como uma onda, nódoa e intensa, rumo ao espaço ermo. Então, embebido amigo meu, convoca a patota para um samba das raízes:

- Samba pra gente “sam-ba”, batucou.

Não queria ser o seu reflexo bêbado, mas cai na dança. Realmente algo aqui me aquece, e não é a vodka, nem as costeletas de cordeiro. É sim, algo que além da compreensão, toca o termo sentimento. Música é vida no pé do morro, o cavaco e os “tãm–tãms” se completam como no amor verdadeiro, deve ser.

Saboroso, é celebrar! E esquecer a dor é preciso, vital e necessário.

Para tristeza coletiva, o samba, berço de nossas tais alegrias, chegou ao fim. Porém quem é do samba sabe que ele nunca morre, pode até ficar escondido por alguns tempos, mas ele volta sempre mais forte e empolgante, feito carnaval. Resta-nos, esperar.

Fim de noite. Bebô e sem sentido, a cada trago um estrago, viciado nos meus traumas, viajo onde a fluxão é tensa e pensativa, virando o normal do avesso, solicitando um calhamaço imaginário, uma pena e um pouco de escarro. Verde claro, é claro!

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II.

É difícil ver o nascer e entardecer das manhãs de aurora sem um cafuné..... Sabia?

Arranco as unhas por diversão, saiba que, às pequenas dores não me incomodam mais, porque da minha varanda vejo a nuança de todo o meu bem querer. Tenho saudades, mas preciso viver, me descobrir, enfim, livre. Onde eu queria estar.

Dormir seria o melhor remédio, porém ainda prefiro escrever e me deliciar até o pescoço no meu subterrâneo clandestino. Hoje eu amo quem eu sou, apesar dos defeitos e das dores escondidas, cavoucadas aos poucos pela minha preguiça aversiva.

De maneira pouco sensata, enlouqueço...

Floresço, o lado bom da demência e faço crer no meu talento juvenil-sujo-surrado-grunge-poético-estético-literário. Viva a crise existencial!

Viva os amores que joguei pela janela!
Samba em prosa, renova, a quem quiser. Imaginação, nota: 10.

De maneira pouco sensata, enlouqueço.

4 comentários:

  1. Nao poderia ser diferente ... o que escreve eu sinto... eu me arrepio!

    Viva os amores que joguei pela janela!

    ---- De maneira pouco sensata, enlouquecemos!

    como sempre vc 'e Fantasticoooo!!

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  2. Um texto tão envolvente como o tom do samba...
    saboroso é celebrar, sempre!

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  3. Que belissima forma de enlouquecer...

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