terça-feira, 4 de agosto de 2009

Anatomia Aristotélica.

Horas e mais horas, suando, trancafiado no meu quarto. Não importa o que eu faça os meus estalos de euforia terminaram, as roupas espalhadas por toda a parte e pelo destino a parte mais insana do meu cérebro começa a funcionar. É nesses momentos que eu gosto de sentar em frente a televisão e ligar meu fone de ouvido nela, recostando a cabeça na minha cadeira de estimação sem a mínima pressa de levantar. Esse pequeno microondas me distraiu com uma facilidade inexplicável, de dar inveja a qualquer circo, seja ele na mídia ou não.

Dias e dias, suando, trancafiado no meu quarto. Agora sim, eu sei o que é perder, posso ouvir o som angustiante da solidão e seu efeito, a preguiça: o desligamento do mundo, pelo menos do real. Num surto de raiva estraçalhei minha máquina de escrever no chão, rompi as barreiras, agora era metade realidade, metade ficção.

Entra em ação o meu super-herói interior: passando a limpo o futuro, passado e presente.

Não me recordo muito bem, a TV estava ligada, os fones no meu ouvido, e sentado na cadeira eu adormeci por horas ou dias não sei ao certo. Meu corpo formigava parecia viver uma alucinação, hipnotizado pela dramatização do ser humano e também por algo maior que que não há palavras para descrever. A boca sem saliva suava o longo silêncio, a respiração repetidamente rápida me lembrava que ainda estava vivo, esquecido, sem máquina de escrever, sem destino, com medo, mas vivo.

Caindo no buraco negro da madruga com meus olhos esbugalhados relaxando meus neurônios na banheira de hidromassagem da telecomunicação, agradeço a interatividade e como minha última lata de ervilha enlatada.

Já não faço mais parte desse mundo...

Um comentário:

  1. Essa série trancafiada está dando cria. Tem um outro livro que me lembrou. "Viagem ao redor do meu quarto". Continue. Mas, de quando em vez, saia lá de dentro pra ver o pôr-do-sol na rua. Bjao.

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