No meu quarto existe um caminho de formigas. Durante a madrugada elas comem os restos que deixo nos pratos. Por mais que eu tente acabar com elas, mais elas se multiplicam. Tentei veneno, amassá-las, até a raiva humana ao ponto de tentar matá-las a grito, por fim nada adiantou.
Meu leito agora também pertence a elas. Observando-as, notei que são animais dotados de persistência, resistência e principalmente união que dá a elas uma organização incrível, organização essa que garanto a vocês que meu quarto não possuí. Os dias têm passado aqui a bossa nova e com muita chuva fina, meus heróis se suicidaram, acabou o cigarro. Tudo um verdadeiro estrago sem trago.
18 horas e 21 minutos inicia-se o por do sol mais belo do alto da colina, fim do dia é neblina para os meus problemas, me jogo na cama, eu e meu diário, no qual busco redenção dos meus pecados camuflados em metáforas e falácias, pra alguns nada mais que palavras. Nem fome, nem sede, é só um manifesto do fundo do ser, como uma trilha de formigas carregando folhas de capim, é inexprimível.
Dias depois, descobri que o fôlego vence a velocidade e me adaptei ao ritmo das bundudinhas e elas ao meu, a convivência da vizinhança se tornara pacífica.
As formigas se desenvolvem em metamorfoses completas, assim como os sentimentos.
Bom mesmo é viver em paz.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
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Não sei se foi pelas formigas ou pela palavra metamorfose ou pelo livro que um dia vc me deu dele (Cartas ao Pai) mas me lembrou o Kafka em alguns aspectos esse texto. Já leu?
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