Todos os dias dando os mesmo passos, para Clemente não é fácil. Acorda cedo. 5 da manhã e vai garimpar sustento, sai da luz pra Consolação, Sé, Jabaquara ou Itaquera,
-quem dera imaginação enchesse barriga- pensou.
Clemente não é crente. Mora sozinha numa quitinete no centro. Adora badalar pelas augustas e madalenas da vida, vive amarrando um fogo que só vendo. Proveniente de uma grande imaginação, daquelas que não tem barreira e se tem ela atravessa. Homem de meia idade vivendo com um bico aqui outro ali, preso apenas as dividas das suas compras a prazo, - pra que esperar?- resmungou consigo mesmo.
Sexta-Feira a noite, Clemente está em casa. Enche o copo de cachaça, mergulha em sórdidos pensamentos e lembranças, naquele momento nem a pinga o fazia mais feliz. A amargura, a solidão que o mundo havia guardado para ele, que por sua vez não compreendia, - o mundo me fez um ignorante..-. Tinha medo, tremia, seus olhos pareciam duas explosões vistas de longe, e esquisito é o que estava para acontecer...
Da gaveta tirou uma grande furadeira. A examinou. Verde escura, tipo musgo, totalmente enferrujada e que para Clemente valia muito. Então, chorou. Ele não lembrava de ter chorado outra vez, parecia uma criança. Abraçou o vento, depois o sofá furado...Por fim, levantou-se decido e caminhou até o banheiro.
Ligou a furadeira na tomada, apontou para sua cabeça e se olhou no espelho. Sorriu.
- Eureka.-.
- Alô tem alguém ai? Perguntou a intrépida imaginação.
terça-feira, 16 de junho de 2009
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caraca, velho!
ResponderExcluiresses dias eu tava pirando pesquisando sobre a auto-trepanação, que é o lance da furadeira.
Coincidência.
Mto bom o texto,
abs