Eu podia tudo ver, estava ao meu alcance, daqui era mais gostoso ver todos os anos passarem ao lado de novos escritos e velhos vinhos. Até ela chegar.
- “Do re mi fa sol la si ”. Andava ela tranqüilamente pelas notas musicais.
Da varanda o sol posa para vê-la cantar, enquanto isso eu posso me concentrar, poeta: ilustro-a em palavras medidas e nada sensatas lapidadas em concreto novo sobre molde de notas e acordes doces como mel.
Carla tem 30 e se arruma para ir ao céu, comigo.
A conheci numa dessas casas alternativas.
Exigente, linda e cheia de desejos e angustias. A juventude se mistura com a maturidade num rosto que abriga uma beleza que nem a desgraça abalaria, as vezes sóbria, as vezes louca, sempre com viva atitude.
Encantei-me quando a vi dançar com toda a sua auto-estima feminina sensorial e intuitiva.
Um encontro da maturidade e independência com a beleza, essa é Carla.
Menos tímida e mais realista, se ela está a graça é toda dela.
Perdi as contas de quantas vezes conversamos sobre transformações intelectuais e espirituais, corpo e alma. Conversas regadas a vinho, música e amor.
Hoje Carla se foi.
- “Chanson just pour toi, chanson um peu triste je crois.”
segunda-feira, 20 de abril de 2009
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