quarta-feira, 29 de junho de 2011

Mútua.

Abrace-me, minhas lágrimas vão nutrir você

Toque-me, não estou de mau humor

Sinta-me, soul uma sensação

Agrida-me, soul o melhor em sentir dor

Plagie-me, viaje nessa direção


Voadoras imaginárias passam pela minha cabeça

Aquele garotinha emburrada e amargurada

Esquecida no banco do carro

Por alguns segundos moldada de segundas feições


Seus pensamentos em forma de corrimento

Melados, tocantes e mirabolantes

Num vai e vem gostoso e proibido

Úmido e não humano

Prazer que toca o tutano


Dedos em doses de desejo

Gemidos de violência

Colapso mental,

O frescor demência

Amena, agrada e deleita


Mais forte que suas pálpebras

Alma que rega o corpo

Escopo de felicidade.


A vida começa agora.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Triplo sentido.

alguma coisa, algo no ar

impede o menino de gritar

é uma negação do que era antes

“me olhe, me escolha, me perceba”

é inevitável não notar

e agredir os sentidos mais mínimos

com dedos mindinhos


vestido com seu libido em posição fetal, pequenino

coletando inspiração para respirar

nos corredores sombrios e sem esperança

nem um milímetro de confiança

falava-se que “ele olhava o vazio, que seu olhar era perdido”

ele acreditava “admirar e viver o infinito”

ele gostava de perder, mas não de ceder

era pretérito conjugado no futuro

seu tempo era relativo e instintivo


sozinho, via a forma do espírito

formalizava suspiros

implodia o próprio estar

para se materializar

era o triplo sentido em pessoa


- Quem ensinou você a espetar meu coração!?

terça-feira, 14 de junho de 2011

Oco.

vontades esgotadas e socos na parede

liberdades poéticas maltratadas

ela é a forma da minha alma materializada

é o destino raro com cheiro de amanhecer

calma

magreza angulosa,

alguém tem que ceder

de mãos dadas e cabeças ligadas

se forma o sentimento

e esse é momento...


o amplificador está ecoando

etílico e drenado num porre de ilusões

e eu que nunca errei em sentir dor

agora tenho medo,

quero sair desse pesadelo,

por inteiro


toque em mim,

sinta desespero e apresso

suor da madrugada,

olhares nostálgicos

pedaços escatológicos

e um coração arrebentado


há 10 anos tento sorrir em meio ao mar de lixo

desculpe-me, falhei.


Eu quero um anestésico.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Caligrafia da Alma.

Madrugada a dentro, inalo teus sonhos e deságuo na tua pele veludo-azul. Leonardo, o poeta, brinda a noite com seus olhares implícitos a sua prometida Alessandra, a bonita. TV ligada em segundo plano, menos dinâmica, ilumina o que resta do seu serial killer preferido e enrustido.


Por incrível que pareça o sofá pode ser mais confortável que parece, mas só em uma sexta-feira. Horas e chocolates, impossível contar. Leonardo, o abstrato, desenha os sonhos de sua amada na camada restante da realidade, sóbrio, porém inconsequente.


Após a meia noite o silêncio se instalou, sinto-me lisonjeado, mais do que qualquer elogio banal do ser humano mais hipócrita. Ela está aqui, Alessandra, a sonhadora, ainda bem. Mais que bem...Ô, meu bem!


Amo-a mais que mim mesmo (e que o amor), ainda mais que isso. Não se pode medir, mas é possível sentir, como algo que nasceu para ser. Alessandra, a cura da minha anomalia, sonha dormindo e eu acordado. E para nós é o que importa.


Leonardo, o infeccioso, briga internamente para domar a si mesmo. Encontra no amor, o refúgio da sua dor. Assistindo a noite, o sofá nos engoliu e a vida é mais branda aqui, no nosso ninho. Pedacinho da gente.


É junho, o frio esquenta o canceriano. Leonardo, o clichê, toca os rostos e, quase com o poder auto-cura, alivia, como nunca antes. Aleluia, não dói mais levantar e ver as luzes invernais sacudirem o espírito.


Leonardo, e o amor, caminham pelo clima de mãos dadas e corações atados. A cada passo mais perto e mais distante, não importa, já chegamos aonde queríamos.


O clímax é seguir em frente, mas com ela é sempre diferente. Alessandra, a simetria siamesa, mostrou ao ex-menino o verdadeiro significado de dormir com anjos.


As vezes é preciso crescer para acreditar em fantasias da infância.