Madrugada a dentro, inalo teus sonhos e deságuo na tua pele veludo-azul. Leonardo, o poeta, brinda a noite com seus olhares implícitos a sua prometida Alessandra, a bonita. TV ligada em segundo plano, menos dinâmica, ilumina o que resta do seu serial killer preferido e enrustido.
Por incrível que pareça o sofá pode ser mais confortável que parece, mas só em uma sexta-feira. Horas e chocolates, impossível contar. Leonardo, o abstrato, desenha os sonhos de sua amada na camada restante da realidade, sóbrio, porém inconsequente.
Após a meia noite o silêncio se instalou, sinto-me lisonjeado, mais do que qualquer elogio banal do ser humano mais hipócrita. Ela está aqui, Alessandra, a sonhadora, ainda bem. Mais que bem...Ô, meu bem!
Amo-a mais que mim mesmo (e que o amor), ainda mais que isso. Não se pode medir, mas é possível sentir, como algo que nasceu para ser. Alessandra, a cura da minha anomalia, sonha dormindo e eu acordado. E para nós é o que importa.
Leonardo, o infeccioso, briga internamente para domar a si mesmo. Encontra no amor, o refúgio da sua dor. Assistindo a noite, o sofá nos engoliu e a vida é mais branda aqui, no nosso ninho. Pedacinho da gente.
É junho, o frio esquenta o canceriano. Leonardo, o clichê, toca os rostos e, quase com o poder auto-cura, alivia, como nunca antes. Aleluia, não dói mais levantar e ver as luzes invernais sacudirem o espírito.
Leonardo, e o amor, caminham pelo clima de mãos dadas e corações atados. A cada passo mais perto e mais distante, não importa, já chegamos aonde queríamos.
O clímax é seguir em frente, mas com ela é sempre diferente. Alessandra, a simetria siamesa, mostrou ao ex-menino o verdadeiro significado de dormir com anjos.
As vezes é preciso crescer para acreditar em fantasias da infância.