quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mais uma da série Efeitos: " O Efeito Emo."

Anoiteceu, era quase sete. O tempo não passava para João, suas angustias a flor da pele com a prova de psicologia na faculdade e a ansiedade de sentir a juventude liberta o incomodavam naquele momento.

Sua personalidade era um misto de rebeldia punk do Sex Pistols com o romantismo de Ivan Lins. Ele era o céu e também era o inferno, gostava de preto e tinha um certo teor de pureza.

Já era nove eras, horário da prova e ele nem imaginava o que era o senso comum ou condicionamento clássico, estava apenas querendo um tempo pra si, pro eu. Seu estimulo resposta era apenas sobreviver dia após dia, tentando não ser nada genial, não aparecer.

João rima com solidão, ele tem uma espécie de escuridão, e no meio de tanto ÃO falou um palavrão:

- FUDEU.
Realmente nosso anti-herói iria tirar um 0 maiúsculo e vermelho na prova.

Foi o primeiro a terminar, fez 3 das 5 questões em 5 minutos e enrolou mais 10 pra entregar, despediu-se da professora e saiu porta afora.
Livre, leve e louco. Nesse momento uma lagrima caiu do se rosto.

Decidiu passar na casa de uns amigos que também iriam ao bar, queria esquecer a prova.
Bebeu, fumou, dançou, riu da vida como quem não quer nada e depois deitou na rede com o umbigo apontado pro luar. Desvirtuou-se.

Foi quando alguém disse:
- É hora de mergulha de cabeça na noite.
Sim. Era onze e meia.

(O álcool diminuía a timidez de João. Ele sempre começava com cerveja e depois passava pro destilado, no fim da noite ele estava discursando, chorando ou era encontrado dormindo do lado de uma poça de vômito...)

A banda Los Nachos animava o ambiente com seu rock melódico quando João e os rapazes chegaram, ele preferiu pegar hi-fi e sentar num cantinho para bebicar, enquanto todos dançavam.

Olhou o relógio: 2:30.
E de hi-fi em hi-fi logo ele estaria beijando um menino com um corte de cabelo parecido com o seu na pista. É verdade, João gostava de meninos e de meninas também.

Era quatro e dez quando conheceu Luara, pequena, uma semente de vida com cheiro de rosa e emperiquitada num estilo brilhante.

Ele a chamou de “pedaço de luar”, ela sorriu.

O garoto tímido tirou a franja dos olhos e criou vontade de cantarolar:

“- Dentre emoções e razões a saída é fazer valer a pena.”

As 5 da manhã estavam se imaginando anos depois, escutando músicas de amor como se tivessem sido feitas para eles.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Roots Man Party.

Suave,
estou no ar junto com a essência, sou alma e matéria, nessa ordem.
Radiolas lançam sobre o mundo o olhar da paz.

Só as pedradas.
Inna original style, pra poucos. A melhor coisa é viajar.

Welcome to Dancehall.

domingo, 26 de abril de 2009

Y TU MAMA TAMBIÉN.

Hoje é domingo e eu sonhei com você.
(Levemente colocou sua poesia em mim, e eu não posso te dar nada além de amor, cafuné e cantar canções de ninar nos seus sonhos azuis. Sobre um ninho declamamos as mais belas sensações: mil e um mistérios e desejos, uma história pra cada dia...)

É, eu acho que se perder também é um caminho.
Direita ou esquerda? Onde os nossos destinos se encontram?

Na próxima parada, encontre-me na rua da vida
esquina com a poesia
e por favor venha com flores no olhar e pele braile pra tocar
eu me encarrego do vinho e dos cigarros. Apresse-se para o luar.

(Sobre uma canga colorida espero você chegar e voltar)

- Essa distância, esse mistério ainda vai nos levar aonde menos imaginávamos.
Disse o sóbrio destino.

Amanheceu aurora, é domingo meus problemas estão de folga.

segunda-feira, 20 de abril de 2009

O Efeito Balzac.

Eu podia tudo ver, estava ao meu alcance, daqui era mais gostoso ver todos os anos passarem ao lado de novos escritos e velhos vinhos. Até ela chegar.

- “Do re mi fa sol la si ”. Andava ela tranqüilamente pelas notas musicais.

Da varanda o sol posa para vê-la cantar, enquanto isso eu posso me concentrar, poeta: ilustro-a em palavras medidas e nada sensatas lapidadas em concreto novo sobre molde de notas e acordes doces como mel.

Carla tem 30 e se arruma para ir ao céu, comigo.

A conheci numa dessas casas alternativas.
Exigente, linda e cheia de desejos e angustias. A juventude se mistura com a maturidade num rosto que abriga uma beleza que nem a desgraça abalaria, as vezes sóbria, as vezes louca, sempre com viva atitude.

Encantei-me quando a vi dançar com toda a sua auto-estima feminina sensorial e intuitiva.
Um encontro da maturidade e independência com a beleza, essa é Carla.
Menos tímida e mais realista, se ela está a graça é toda dela.

Perdi as contas de quantas vezes conversamos sobre transformações intelectuais e espirituais, corpo e alma. Conversas regadas a vinho, música e amor.

Hoje Carla se foi.

- “Chanson just pour toi, chanson um peu triste je crois.”

sábado, 18 de abril de 2009

Paz, Amor e Empatia.

Há dias eu sou quem eu não sou. Palavras e pensamentos não me seduzem, o fogo das ruas é ilusão de ótica para o meu coração em pedaços que contrasta com o vermelho e preto dos becos e pontilhões grafitados com caminhos anti-sociais.

O problema não é inspiração, nem a concentração, é essa vontade acerbada de juventude, de ser como a música. Nesses dias estou preso no que você considera talento, tenho sofrido, faço, refaço e não me agrado, estaria esgotada a fonte?

Seria melhor se tudo fosse pelos ares, eu não tenho razão para ficar, na verdade eu só queria respirar e não rimar com vergonha.

- “Sou o pior no que eu faço melhor, e você?”

Vou detonar livros e poesias. Contra-senso ou heresia?
Deus me tire dessa paralisia.

sábado, 11 de abril de 2009

Volta no Quarteirão.

Viajo parado. Aprendi a enxergar longe, não podia mais ter medo, a vontade de sentir naturalmente havia sumido do meu eu.Incontestavelmente só.Conflito interno: junte o quebra cabeça com partes do mistério.Bati o fino portão verde de ferro. Estava na rua.O cenário era pouco movimentado, longe da labuta e do caos, e eu era todo reflexão.Em alguns passos eu redescobri o já descoberto.Dizem por ai que recordar é viver. É mesmo.Naquele momento eu vi nascer um broto de alegria inocente, pura como a luz.Subidas e decida assim como na vida, ruas eternizadas por tempos da minha aura juventude, aquela mocidade de poder tudo amar ou odiar com intensidade. Da revolta, mas também da consciência.Abro os braços sinto o vento, fecho os olhos e escuto barulinho da folhas ricochetearem pelo chão envolto com os raios da manhã primaveril que me fez agradecer pelos presentes dessa vida.

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Interruptor.

(Re)nasci. Reciclei a alma.
É o fim de mais um verão. Até ano que vem.

Eu que já falei demais, só quero ver esse céu esmeralda,
não quero escutar a música quero entrar dentro dela.

Movido a trilha sonora: flutuo.

Procuro mais histórias e personagens, sensações e paisagens,
num mundo as vezes de mentira as vezes de verdade.

O vidro da rotina é sobe e desce ladeira, meia hora, meio dia.
Sem luz estava, parei pra refletir.

Adeus. Fui viver.